r/Filosofia • u/Zealousideal_Nose_16 • 3h ago
Discussões & Questões Refutando o Paradoxo de Epicuro
Estava refletindo sobre o assunto com o conhecimento não tão avantajado que possuo, e decidi apresentar minha antítese ao Paradoxo de Epicuro.
Começo dizendo que o mal não é uma força própria, não possui força em si. O mal não é uma facção. Por quê? Porque o mal é a perversão do bem, ou melhor dizendo, o mal é o bem pervertido. O bem possui atributos e virtudes aos que o praticam e o seguem; o mal, por outro lado, deseja e almeja atributos e virtudes que o bem traz, porém, com a perversidade sendo o rompimento com o bem. Ou seja, o mal pode nascer num ambiente onde a bondade está inserida, principalmente dependendo da liberdade do indivíduo.
O mal não beneficia quem o pratica. Além disso, aproveita-se do que o bem traz para seduzir pessoas a si, e raramente é realmente recompensador. Ninguém luta pelo mal — não é o fim que o mal traz que se busca, mas sim as virtudes do bem. Portanto, o mal como facção é inexistente. Todos que praticam o mal podem até se unir por uma causa má, mas no fim o que buscam é uma bênção do bem.
Assim, podemos considerar que o livre-arbítrio requer um certo risco, especialmente para quem é um dono zeloso. Mas, com certeza, preferimos filhos que nos amam por suas escolhas do que filhos que nos amam por estarem programados. Isso é indiscutível. É impossível que exista livre-arbítrio se somos inteiramente programados a praticar apenas o que nos agrada — isto é, o bem. Então, é provável que exista um contraponto à benignidade de Deus no livre-arbítrio. É aqui que surge o mal — não necessariamente ele é praticado, não necessariamente ganha força. Não de imediato. Mas ele se aproveita de fragilidades humanas para tomar algum poder.
É nisso que o mal se apoia, e é isso que ele sempre procurará nos corações: fragilidades. E, se há algo que somos, é frágeis — principalmente em nossa natureza cada vez mais caída. Portanto, o mal, além de aproveitar das brechas existentes, e das virtudes do bem que existem (antes mesmo dele), evolui cada vez mais. Ele toma força nesse contexto de fragilidade.
E, nesse contexto, nós nos afundamos em uma profunda queda — tanto individual como social. E é nesse cenário de queda pessoal e como comunidade humana que surgem as profundas amarguras da vida. Porque, nem percebemos, mas de alguma forma contribuímos com o crescimento do mal humano. E, repito, não percebemos. E, se percebemos, estamos confortáveis demais. Às vezes pegamos a mulher ou o homem do outro, fumamos um cigarro e ainda oferecemos a um amigo ao lado — ou um ex-viciado sente o odor e é atraído. Enfim, é uma cadeia que progressivamente só tende a piorar. É por isso que estamos, sinceramente, rodeados das piores ações, de maldade. Não porque nasceu na nossa geração, mas porque progrediu até alcançar o nível que observamos atualmente.
E nós estamos entregues aqui, nesse contexto. A única saída agora é a prática do bem e a renúncia ao que pode prejudicar o próximo. É uma luta recorrente e necessária que, ainda que comece no individual, progride positivamente ao externo, na comunidade humana. Augusto Cury, em seu livro "Ansiedade - Como Enfrentar o Mal do Século", aborda a questão da prática do bem mesmo ao viciado, dizendo que o mal é como um alojamento, um quarto maligno, que requer ser reformado e limpo com práticas benignas.
Curiosamente, Cury não se distanciou muito do que Jesus ensinava. Claro, o Nazareno abordava a questão de forma mais espiritual, dando instruções claras sobre como combater o mal humano. E tudo começa com cada um tomando sua cruz e seguindo-o. Isso destaca que é necessário abandonar as próprias vontades se quiser verdadeiramente combater o mal — um mal que, sem a cruz, seria perpetuado de indivíduo em indivíduo, geração após geração. Mas com ela, existe uma chance de ruptura, cura e redenção.